Alfabetização com o uso de tablet divide educadores
18/08/2015
Vista mundialmente como modelo no sistema educacional, a Finlândia inovou mais uma vez no método de ensino. As crianças que ingressarem no ensino fundamental em setembro, quando começa o ano letivo no país, serão as últimas a terem aulas de caligrafia. É que as escolas finlandesas irão passar a alfabetizar seus alunos usando o tablet ao invés da escrita cursiva.
A integração de ferramentas tecnológicas no ambiente escolar é vista pelos educadores como uma forma de inserir o aluno na dinâmica social. Mas, a novidade está causando divergências entre os educadores brasileiros, que não descartam o uso da tecnologia como algo fundamental, porém complementar, na formação do aluno.
Para a especialista em alfabetização e letramento Sandra Bozza, a escola deve estar de acordo com a sociedade atual. `O que o mundo necessita é de uma escola que se perceba como lugar privilegiado para auxiliar as novas gerações a compreenderem o mundo. E isso passa pela necessidade de se derrubar os muros que há muito insistem em se manter à margem da realidade do que é real`, avalia.
A especialista acredita ainda que o uso do tablet não acarretará perdas quanto à grafomotricidade (conjunto das funções neurológicas e musculares que possibilitam, aos seres humanos, os movimentos motores no ato da escrita) da criança. `O que se discute aqui é ampliação da inteligência humana`.
`Como nossas crianças são nativos tecnológicos, não estaremos `roubando-lhes` a inocência ou a infância, tampouco provocando danos à sua capacidade mental. Pelo contrário, só estaremos propiciando o vivenciar social apropriado para a sua época de existência`, afirma Sandra.
O professor de Português Nelson Souza discorda do posicionamento da especialista. Para ele, a letra cursiva faz parte do processo psicomotor que auxilia no desenvolvimento do indivíduo. `É preciso reconhecer os avanços tecnológicos. Mas, não é recomendável que a criança tenha esse tipo de ensino no início de sua formação. Porque isso pode alterar sua capacidade cognitiva`, diz.
Ainda segundo o professor, a letra cursiva está associada a personalidade e identidade das pessoas. `A era digital tem facilitado muito o nosso cotidiano. Isso é indiscutível. No entanto, tirar do indivíduo a sua letra, pode causar uma deformação de personalidade`, analisa.
Modernização
O coordenador de inovação pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Miguel Dourado, avalia a modernização das escolas como uma nova forma de aprendizagem e inclusão.
`Precisamos pensar que o uso de novas tecnologias é algo que vai além da substituição do processo de aprendizagem. O importante aqui é modernizar a educação e incluir aqueles que estão socialmente ou fisicamente impossibilitados de aprender`, diz.
Professora de uma escola municipal no Subúrbio Ferroviário de Salvador, a pedagoga Ivana Magalhães acredita que esta ainda não é uma realidade possível nas escolas públicas brasileiras. `Essa realidade está muito distante de nós. Quem está na sala de aula diariamente sabe que nem todos da rede são contemplados com os novos métodos de ensino`.
Fonte UOL Educação